Empregos do novo normal: colaboração e tecnologia como novos paradigmas





Em meio à pandemia de Covid-19 que ainda persiste, de forma tímida, algumas empresas já estão retoman-do contratações, impulsionadas pela reabertura gradu-al de alguns setores da economia. Para quem está em busca de recolocação no mercado de trabalho, fica a pergunta: onde estão as vagas?

 “Os processos de isolamento naturalmente geram estranhamento. No entanto, um olhar de superação, em meio a esse cenário sem precedentes, é nos dis-tanciar, fazer uma radiografia da situação e analisar os desafios que se apresentam para que possamos nos lembrar deles como oportunidades de crescimen-to.

Naturalmente, uma das principais características do ser humano é a adaptabilidade aos contextos, por mais complexos que sejam, e adaptar-se rapidamente a esse acelerado processo de transformação digital do qual estamos vivendo é irreversível” comenta Jorge  Castellar, diretor de vendas da Bricksave.As atividades de menor complexidade oferecem menores salários e apresentam maior concorrência entre os candidatos, incluindo alguns com mais qua-lificação do que a exigida - sobretudo em virtude do alto número de desempregados.

No entanto, as vagas que exigem maior qualificação, como nas áreas de Tecnologia da Informação, Alta Administração, Liderança e E-commerce ainda apresentam dificuldades para encontrar candidatos com o perfil desejado.

Para ajudar quem está na busca ou tem dúvidas sobre as tendências do mercado de trabalho quando o “novo normal” chegar, o doutor pela USP, professor de Gestão de Pessoas da FECAP e especialista em Gestão de Carreira, Marcelo Treff, separou algumas dicas. Adicionamos comentários de Jorge Castellar, diretor de vendas da Bricksave, empresa de financia-mento coletivo.

Quais os requisitos dos empregos pós-pandemia?

Há atividades que desaparecerão e outras que serão redesenhadas, independentemente de como sairemos desta pandemia. Por  isso, os trabalhadores deverão estar  mais abertos às novas aprendizagens e, sobretudo, preparados para novas  formas de relações de  trabalho, mais  flexíveis, menos estruturadas e, cada  vez mais, distantes do modelo CLT.

 “Ainda é cedo para definir  exatamente se os empregos pós Covid 19 exigirão novas habilidades que antes não eram requeridas pelos empregadores.  Ainda estamos sem controle do  futuro com relação ao retorno de várias atividades”, antecipa Marcelo  Treff.

Porém, as habilidades que devem se apresentar  como mais requeridas dividemse entre  Técnicas (muito ligadas às novas tecnologias de informação e comunicação e, cada  vez mais, envolvidas com Big Data e  Analytics); e Socioemocionais (ligadas ao relacionamento com pessoas,  tanto no presencial  quanto no  virtual).

Procura recolocação?

Para quem está empregado e busca uma oportunidade com melhor remuneração em outra empresa, a dica é  verificar  se há aderência de  valores e de competências com a empresa pretendida, mapear  as oportunidades e analisar  com acuidade e acuracidade as  vantagens e os riscos da  transição.

Está à procura de emprego?

A dica para se dar  bem na retomada das contratações é  ter  clareza de objetivos, competências  técnicas e socioemocionais, abertura para aprender e orientação para o autodesenvolvimento. “Lembre-se que seu currículo deve ser  enxuto: os recrutadores recebem muitos deles  todos os dias:  você  tem um segundo para chamar a atenção do entrevistador”, comenta Treff.

O papel da tecnologia

Indiscutivelmente, a  tecnologia  será  a  principal ferramenta desse  “novo  normal”. Goste ou não,  a população e  as empresas precisam adaptar-se às  ferramentas  digitais  para  suprir a falta  de interação  social ou  consumo presencial  nas lojas,  algo que desafia  a sociedade em geral e a  nova forma de  fazer negócios.

Uma pesquisa recente da  Accenture mostra que as empresas que entendem a necessidade de  transformação digital são 26% mais lucrativas em comparação aquelas que não se importam  tanto.

Não obstante, algo positivo que começa  a surgir em momento de desafios  econômicos é  a preocupação com  a  melhor educação financeira,  e  isso se  reflete na busca por alternativas de investimentos que protejam nosso capital.

O crescimento  das fintechs é  um bom  termômetro. Desde 2015, as fintechs receberam  US$ 2,4 bilhões em investimentos  em  mais  de 200 rodadas.  Em 2019,  o  volume aportado  foi 183%  maior  do  que  2018,  quando as  gestoras  de  capital  de risco investiram US$  310 milhões, de  acordo com  a segunda  edição do estudo Fintech Report, realizado pelo Distrito,  ecossistema de inovação  aberta de startups. 

Isso  estabelece um padrão: a população  está ansiosa por novas possibilidades de aumentar sua renda. “É claro que  um “novo normal” está chegando, se é  que já não está  sobre  nós, e também é  evidente que  dentro dessa realidade, a  tecnologia  será fundamental nesse processo.  

Essa é uma oportunidade de crescermos como sociedade, a partir da democratização do conhecimento e do acesso a novas alternativas de investimento, que nos permitirão tomar melhores decisões e desenvolver ainda mais a nossa liberdade e a possibilidade concreta de realização de sonhos”, finaliza Jorge Castellar.





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Laura Quariguazy, 09.OUTUBRO.2020 | Postado em Capa

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