Viviane Senna: um exemplo de liderança a ser seguido

Nem vou falar sobre Ayrton Senna, pois, para mim, mesmo depois de décadas, ainda é dolorido. NUNCA mais assisti a um grande prêmio de Fórmula 1. Estava assistindo à corrida na qual ele se acidentou e me lembro de cada momento. Cada cena. E até dos comentários inadequados do narrador.

Senna representava, para toda uma geração de brasileiros, que cresceram em um país massacrado pela crise, um motivo de orgulho. Aquele momento na semana sofrida em que esquecíamos dos problemas e tínhamos orgulho de alguma coisa nesse país. 

Sua morte chocou, mas fez nascer uma das maiores lideranças desse país: Viviane Senna, irmã do piloto. O Instituto Ayrton Senna, dirigido por ela, defende que todas as crianças e jovens tenham direito à educação integral, que prepara-os para os desafios do Século 21. 

Investe na pesquisa e novas metodologias em ensino e gestão educacional. Os projetos são levados para as redes públicas, nos ensinos fundamental e médio, e beneficia quase 2 milhões de estudantes, mais de 65 mil educadores em cerca de 700 municípios em todas as regiões do Brasil.

A grande inovação que Viviane Senna trouxe para as instituições não governamentais do Brasil foi exatamente esse pensamento de escala. A própria Viviane conta que no início do Instituto recebia mães com filhos doentes, que vinham lhe pedir amparo, e famílias que viviam em áreas de risco e precisavam de um novo lar. 

Foi duro para ela aprender a dizer não. Saber exatamente a razão de cada renúncia. O que Viviane concluiu e implantou no Instituto foi a visão de que cada um precisa levar em conta o que faz de melhor, saber aonde exatamente suas competências podem levá-lo. E realizar com excelência o que foi determinado.

Para ela, o grande desafio é trabalhar em escala. A quantidade de pessoas que ainda vivem desamparadas e à margem dos avanços sociais é muito grande. Viviane implantou no Instituto Ayrton Senna essa visão na prática.

Ela diz: “Não podemos ter uma estratégia de varejo para um problema de atacado. Precisamos pensar em quantidade sem perder a qualidade. No Brasil, vemos quantidade sem qualidade – ações governamentais de saúde e educação, por exemplo – ou qualidade sem quantidade, que é o que caracteriza hoje o terceiro setor. Nem uma coisa nem outra dão conta do desafio”.

O que Viviane faz, como líder, é manter o compromisso com a qualidade em cada detalhe do que realiza. Exatamente como fazia seu irmão, Ayrton.

Sobre o autor: Fabiano Caxito é mestre em Administração, consultor, autor de cinco livros e professor dos MBA da FIA/USP.
Contato: caxito@movimentoestreladomar.com Leia a revista

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