O caminho do crescimento para os ISPs

A conexão à internet é um serviço cada vez mais essencial para os brasileiros. O que antes era caro e de baixa qualidade, nos tempos das conexões dial-up oferecidas exclusivamente pelas grandes operadoras, está muito mais acessível e estável. Nos últimos cinco anos, vimos o preço por megabit por segundo cair de cerca de R$ 21 por mês para quase R$ 6. O brasileiro está pagando, em média, 71,7% menos pelo seu plano de internet fixa, segundo informações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Pagar menos por mais qualidade tem feito com que a conexão permanente seja uma das prioridades das famílias brasileiras, independentemente de onde elas estejam. Tanto que, pelo quarto mês consecutivo, ocorre crescimento nesse mercado. Trago alguns dados: em maio foram mais de 146,5 mil novos acessos no total, o que elevou o número de conexões para mais de 26 milhões em todo o Brasil. Se compararmos os números que foram compilados pela Anatel, com o mesmo mês de 2015, vamos perceber que o setor cresceu quase 5% - mesmo em um ano em que alguns setores amargam os fortes reflexos da crise.

Tenho viajado o Brasil inteiro capacitando empreendedores e técnicos que se esforçam para oferecer o melhor serviço aos seus clientes. Vejo que essa tendência otimista de crescimento confirmada, agora serve como incentivo para os pequenos provedores (ISPs) desenvolverem e executarem seus planos de expansão. Primeiro, pelo fato de que eles aumentaram o Market Share de 9,41% para 9,71% entre abril e maio, e fecharam o período com dois milhões e meio de acessos. Essas empresas, juntas, formam o terceiro maior grupo de prestação de serviço de internet do país. Considerando que, por mês, quase 100 mil pessoas procuram essas empresas para se conectarem à internet por meio da estrutura comercializada por elas, não há motivos para não pensar em expandir a atuação rapidamente e aproveitar esse bom momento.

Insisto em uma ideia com os provedores: eles devem aproveitar algumas características que só eles têm no mercado. Por atenderem grupos menores de clientes, podem se diferenciar das grandes operadoras na qualidade de instalação e no atendimento personalizado - fatores que são muito valorizados pelos usuários e que até existem nos grandes players, mas em outra proporção justamente pelo tamanho da base que eles mantêm.

Este é o segundo aspecto da necessidade de estruturação da oferta de serviços pelos ISPs que quero destacar. Como as grandes operadoras concentram-se em áreas onde o retorno sobre o investimento é mais expressivo no curto prazo, regiões do interior do país são um campo aberto com potencial de exploração muito elevado para essas empresas.

A facilidade de se instalar em uma localidade distante é favorecida pela evolução nas formas de conexão. Apesar de a tecnologia xDSL ainda dominar os acessos à banda larga fixa, seu crescimento já não é tão expressivo. Nos treinamentos que ministro, percebo claramente que a fibra óptica está ocupando este espaço, já que garante conexões de altíssima qualidade e baixo custo de manutenção, abrindo a possibilidade para a oferta de melhores planos. É só ver que a quantidade de acessos cresce a uma taxa de mais de 33 mil novas conexões por mês. Muitos provedores estão procurando por capacitação nesta tecnologia e, só neste primeiro semestre, tive a oportunidade de capacitar 64 empresas em diferentes estados do país.

Finalizo este artigo com um conselho: faça um bom planejamento técnico e estrutural, conheça a região onde vai atuar e capacite a sua equipe técnica e comercial. Aproveite o momento altamente favorável para os pequenos provedores de internet e bons negócios!

Gabriel Ferraudo é especialista em redes FTTx e instrutor de treinamentos da Cianet Leia a revista
Editorial, 24.AGOSTO.2016 | Postado em Convidado

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