Rede 5G Open RAN leva exames de imagem a distância ao SUS no Piauí
Conectividade estável, com alta capacidade de transmissão e baixa latência, é condição essencial para que a telessaúde funcione na prática. É exatamente esse pilar que o CPQD assegura no projeto-piloto em andamento em Miguel Alves, no Piauí, conduzido pela BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e pelo InovaHC (Núcleo de Inovação e Tecnologia do Hospital das Clínicas da USP), em parceria com a Samsung Brasil. A iniciativa permite que pacientes do SUS realizem, a distância, exames de ecocardiograma e ultrassonografia fetal obstétrica com apoio de uma rede privativa 5G baseada em tecnologia Open RAN.Como o piloto opera em Miguel Alves
Situado a 117 quilômetros de Teresina e com cerca de 70% da população na zona rural, Miguel Alves foi escolhido para validar o modelo em condições reais. Iniciado em maio, o piloto tem duração prevista de nove meses. Durante esse período, moradores atendidos pelo SUS passam pelos exames com profissionais locais previamente capacitados, que executam os procedimentos orientados em tempo real por especialistas da BP, em São Paulo. As imagens geradas são transmitidas instantaneamente por meio de uma rede privativa 5G com arquitetura Open RAN.A iniciativa marca o primeiro teste de campo, em ambiente real, do Centro de Competência Embrapii-CPQD em Open RAN voltado à telessaúde. “O core da rede privativa 5G e os equipamentos de acesso por rádio estão instalados em Miguel Alves”, explica Gustavo Correa Lima, diretor de Tecnologia e Inovação do CPQD. A instalação dos rádios e do núcleo — que emprega a solução C2n, desenvolvida pelo CPQD — foi realizada pelo Centro de Competência, que também configurou a rede seguindo os princípios de Open RAN, com componentes abertos e desagregados.
Para levar as imagens de Miguel Alves até São Paulo, o projeto utiliza um enlace de alta velocidade baseado em fibra óptica, fornecido por um provedor local (ISP). “Como Centro de Competência em Open RAN, estamos desenvolvendo pesquisas no decorrer desse projeto-piloto visando avaliar o desempenho da conexão de fibra óptica, em função de características como estabilidade e latência, e sua adequação para atender aos requisitos desse tipo de aplicação”, afirma Lima. Em testes laboratoriais, o CPQD também avaliou o uso de satélite de baixa órbita como alternativa viável em localidades sem infraestrutura de fibra.
O piloto em Miguel Alves está alinhado ao projeto 5G Saúde, do CPQD, que conta com recursos do Funttel, do Ministério das Comunicações. O objetivo é desenvolver e validar soluções para desafios da saúde pública por meio de tecnologias digitais como Inteligência Artificial, Internet das Coisas, realidade imersiva, blockchain, conectividade 5G e internet avançada. A validação ocorre em pilotos de campo — e a experiência do Piauí é uma dessas frentes.