Mais carros elétricos nas ruas do Brasil!
O mercado automotivo brasileiro vive um momento de transformação com a crescente adesão aos carros elétricos. Em 2024, as importações desses veículos alcançaram um patamar histórico, atingindo quase US$ 1,6 bilhão, um aumento de 107,7% em relação ao ano anterior, segundo dados da Comex Stat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). As vendas internas também acompanharam essa tendência, com um aumento de 89%, totalizando 177.538 unidades comercializadas no ano passado, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Somente em dezembro, foram vendidos 21.634 carros.Rogério Marin, especialista em comércio exterior e CEO da Tek Trade, prevê que o mercado de mobilidade elétrica continuará em expansão em 2025, impulsionado por diversos fatores, como o aumento da oferta e da concorrência de novos modelos, a entrada de novos fabricantes no mercado, a queda nos preços relativos dos veículos eletrificados em relação aos convencionais (ICE - Internal Combustion Engine), a redução do desconhecimento do consumidor sobre o produto e a ampliação da infraestrutura de recarga, que tem crescido em todo o país.
"A expectativa é que esse mercado continue em alta, impulsionado pelo comportamento do consumidor brasileiro, que tem buscado cada vez mais alternativas sustentáveis e econômicas. Mesmo com o aumento do Imposto de Importação, os carros elétricos representaram mais de 40% do total de veículos importados no ano passado, consolidando o Brasil como um mercado significativo e atraindo investimentos de grandes montadoras chinesas, como a BYD e a GWN, além da chegada de várias outras, tais como Zeekr e Denza", explica Marin. "Com o aumento dos eletropostos, especialmente fora dos grandes centros urbanos, assim como com a ampliação da rede de concessionários e modelos (cada vez mais acessíveis), aumenta entre os consumidores a percepção dos benefícios financeiros e ambientais dos veículos eletrificados, e a tendência é de que o segmento mantenha seu ritmo acelerado de crescimento", acrescenta o especialista.
A expansão da rede de infraestrutura de recarga em 2024 contribuiu para diminuir as incertezas quanto ao uso de veículos elétricos em maiores distâncias. Dados da ABVE indicam que a quantidade de eletropostos quase triplicou no ano passado em comparação com 2023, chegando a mais de 12 mil unidades em dezembro. "Enquanto o Brasil avança na questão dos postos de recarga elétrica, algumas montadoras vêm apostando em veículos híbridos plug-in, que têm baterias e motores a gasolina", explica Rogério Marin.
A crescente conscientização sobre a necessidade de reduzir as emissões de gases poluentes também tem impulsionado a popularidade dos carros elétricos no país. São Paulo liderou o ranking de emplacamentos em 2024, com 56.819 unidades. Em seguida, destacam-se Brasília (16.061), Rio de Janeiro (12.841), Paraná (12.056) e Santa Catarina (11.500), de acordo com a ABVE. Para os consumidores, os benefícios desses veículos vão além da sustentabilidade. A economia com abastecimento é uma dessas vantagens, já que em muitos estados brasileiros o custo da recarga elétrica é significativamente menor do que o gasto com gasolina, etanol ou diesel. A manutenção reduzida é outro ponto positivo, pois esses automóveis possuem menos peças móveis em comparação com os veículos a combustão, o que diminui a necessidade de reparos frequentes.
Além disso, ganhos de escala e avanços tecnológicos têm reduzido significativamente o custo das baterias, o componente mais caro de um veículo elétrico, o que acaba por reduzir o custo total do veículo, cujos preços a cada ano que passa se aproximam mais dos veículos convencionais. Para se ter uma ideia da escala desta redução de custos, de acordo com dados publicados pela BloombergNFE (BNFE), em 2013 1 kWh de bateria (Lithium-ion) custava USD 806 e, em 2024, este valor foi de apenas USD 115 por 1 kWh. Esta tendência deve continuar nos próximos anos, e se estimam valores ao redor de USD 50/kWh entre 2027 e 2030.
De acordo com estas projeções, veículos elétricos devem se tornar mais baratos que seus equivalentes com motores a combustão interna antes do final da década. "Acredito que neste ponto a migração se tornará irreversível, visto que aliado ao menor custo operacional dos veículos elétricos se somará a vantagem de um menor custo de aquisição", finaliza Marin. Leia a revista