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IoT no Brasil

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) pode ser considerada um dos fatores mais importantes para as profundas mudanças no mundo e, com a dinâmica da inovação, torna-se imprescindível para a economia global e seu desenvolvimento. É a partir de meados da década de 80 que a produtividade, a inovação e os avanços tecnológicos passam a ser vistos como as forças motrizes do desenvolvimento econômico.

A interação entre a sociedade e os meios também é outro fruto das TICs e está cada vez mais dinâmica em função das inovações tecnológicas. E a Internet das Coisas (em inglês, Internet of Things-IoT) está, aí, para provar isso.

IoT é o termo utilizado para designar a conexão inteligente em itens usados no dia a dia. Se antes era coisa de filme ter uma geladeira que avisa quando está ficando vazia e manda mensagem para o dono, agora é real. E mais: cortina programada para abrir ou fechar automaticamente lâmpada que acende ou apaga quando acionada pelo celular relógio que atende ligação e por aí vai. A agricultura, política, saúde e outros setores também são beneficiados.

A Internet das Coisas está em transição de um mero conceito acadêmico para a realidade empresarial, de acordo com um artigo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Nem todo mundo sabe, mas a Internet das Coisas divide-se em Verticais e Horizontais. As verticais são compostas por setores como saúde, agricultura e indústria, enquanto que as Horizontais são os suportes que auxiliam no desenvolvimento das Verticais, por exemplo: softwares, sensores e medidores.

O Brasil é, atualmente, o sexto maior mercado de Tecnologia da Informação (TI) do mundo, com um mercado interno que movimentou, em 2015, cerca de R$ 282 bilhões, de acordo com dados da empresa de consultoria International Data Corporation (IDC), resultado que equivale a 4% do Produto Interno Bruto brasileiro.

No último dia 29 de abril, foi inaugurado o laboratório de Internet das Coisas da Ericsson, em Indaiatuba (SP). Durante a inauguração, o Ministro das Comunicações, André Figueiredo, garantiu que o país será protagonista neste setor a partir dos incentivos do governo federal.

O novo espaço visa facilitar a cooperação do Ministério das Comunicações com empresas, universidades, fornecedores e agências de desenvolvimento para a criação de soluções integradas que gerem benefícios sociais para a população brasileira, tanto do meio urbano, quanto rural.

Em Campinas, também em São Paulo, empresas se uniram para lançar o laboratório colaborativo multissensorial de Internet das Coisas, o Tech Experience Network (TeN), que deve funcionar no polo tecnológico do município. O espaço veio para unir grandes corporações, startups, empresas de tecnologia, pesquisadores, agências e profissionais de diversas áreas em um ambiente de experimentação, orientado a gerar transformação de negócios.

Para o diretor do Núcleo Softex Campinas e um dos coordenadores da rede, Edvar Pera Junior, o TeN vai unir áreas diversas como Engenharias, Marketing, Química, Biologia, dentre outras, gerando resultados inovadores. "O espaço em Campinas, primeiro da rede, contará com toda a infraestrutura para o desenvolvimento de projetos, através de um modelo que reduz riscos de investimento e promove a aceleração do ciclo de inovação, explica Pera Junior.

Além de empresas, profissionais, estudantes e pesquisadores também podem fazer parte da rede TeN e contarão com o auxílio de toda a estrutura física, insumos, tecnologias e ferramentas presentes no laboratório.

PIONEIRISMO COM O 5G

Durante a inauguração do espaço da Ericsson, o Ministro das Comunicações ressaltou os avanços conquistados na área do 5G, onde o Brasil assinou um acordo com a União Europeia para integrar a expansão da rede de internet móvel de alta velocidade. "Essa tecnologia está diretamente integrada com a Internet das Coisas. Atuar nesses dois campos, desde o início, ratifica o pioneirismo nacional e a capacidade dos brasileiros", afirmou o Ministro André Figueiredo.

O 5G é a base para a Internet das Coisas e, por isso, é a próxima etapa de desenvolvimento da telefonia móvel. Ele é um conjunto de tecnologias que promete criar uma rede de transmissão muito mais veloz e de melhor qualidade que a atual.

Sobre os diversos centros de excelências para inovação espalhados por todo o país, o Ministro das Comunicações, André Figueiredo, exalta a unidade da Universidade Federal do Ceará (UFC) como destaque entre os parceiros que vêm ajudando a desenvolver a IoT no país. "Isso mostra que o desenvolvimento do conhecimento não está mais limitado ao Sudeste. Essa nação integrada é uma realidade que segue evoluindo exponencialmente desde a última década", disse o Ministro.

A UFC também foi mencionada positivamente pelo diretor de Inovação da Ericsson, Edvaldo Santos. "O pesquisador brasileiro é inovador, criativo, orientado para resultados. É um exemplo para o resto do mundo. Na UFC, desenvolvemos o 5G com todo o potencial", reforçou Edvaldo Santos.

Para incentivar a capacitação de recursos humanos, fomentar a geração de empregos e promover o acesso de pequenas e médias empresas a recursos de capital, foi lançado no último dia 5, no auditório da Universidade Federal do Ceará, pelo Ministro das Comunicações, o projeto Plataforma IoT para a 'Internet das Coisas', desenvolvido pelo Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel).

A Plataforma IoT na UFC tem como objetivo desenvolver tecnologias destinadas a aplicações em Cidades Inteligentes, com foco em mobilidade urbana, saúde e segurança pública, dentre outros segmentos. A previsão de duração do projeto é de três anos, com orçamento de R$34,8 milhões, oriundos do Funttel.

"O pesquisador brasileiro é inovador, criativo, orientado para resultados. É um exemplo para o resto do mundo. Na UFC, desenvolvemos o 5G com todo o potencial" Edvaldo Santos

RECIFE GANHA LABORATÓRIO VOLTADO PARA

A IoT Muitos olhares atentos e curiosos se voltaram ao Parque Tecnológico Porto Digital, em Recife, onde foi inaugurado, no último dia 17, o Laboratório de Objetos Urbanos Conectados (L.O.U.Co). O ambiente, proposto pelo Porto Digital e financiado pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), está instalado no Portomídia e deve funcionar com o propósito de projetar o futuro das cidades. O espaço é voltado para a criação de protótipos e teste de produtos e serviços em Internet das Coisas, com foco no bem-estar das cidades e na geração de novos negócios inovadores.

O laboratório que começa a funcionar em caráter experimental atenderá a faculdades, escolas, instituições técnicas, empresas do ecossistema do Porto Digital, estudiosos e demais interessados. "Nossa proposta é reunir equipes interdisciplinares compostas por empreendedores, pesquisadores e estudantes, tanto do ramo de TIC quanto de Engenharia Eletrônica, além de profissionais criativos de áreas como Design, Arquitetura e Urbanismo", enfatiza o consultor de tendências do Porto Digital, Jacques Barcia. De acordo com Barcia, a expectativa é de que esses times criem e desenvolvam soluções que melhorem a vida das pessoas nas cidades e tenham o potencial de tornarem-se negócios de escala global.

FACULDADE BAIANA INVESTE NA IoT PARA A AGRICULTURA

Em Salvador, a área de Microeletrônica da Faculdade Senai Cimatec, bem reconhecida pelo ensino na área de tecnologias, vem utilizando a IoT na construção de sensores inteligentes para monitorar a temperatura e umidade do ar. Atualmente, o Senai Cimatec desenvolve trabalhos voltados para a agricultura através da Internet das Coisas. Além disso, a instituição também possui equipamentos para investir na automação de residências inteligentes visando à segurança do imóvel do imóvel.

Embora haja tanto esforço para colocar o país em um patamar de destaque com o desenvolvimento da IoT, há dificuldades para a realização e não são poucas. "Investimento capacitação do capital humano financiamento e desenvolvimento da indústria local são os principais desafios", afirma a gerente de Relações Institucionais na Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Kátia Souza.

Muito ainda precisa ser feito para consolidar a comunicação inteligente de máquina para máquina. Para o Sebrae, o maior desafio é a conexão entre objetos e uma rede externa onde eles possam buscar dados para potencializar sua funcionalidade.

Com o investimento na Internet das Coisas, as expectativas são positivas para a geração de emprego, segundo a gerente de Relações Institucionais da Brasscom. Isso porque, embora a IoT traga mudanças em algumas funções humanas que deverão ser automatizadas, muitos profissionais vão precisar ser contratados para atender às demandas de criações dessas novas tecnologias.



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