Entrevista com Leandro Herrera
Muitos jovens reclamam que a realidade é bem diferente do que é divulgado na mídia em relação a abundância de vagas na área de TI. O que causa essa percepção?À medida que o mercado brasileiro vai se desenvolvendo e ganhando mais maturidade digital, muitas empresas começam a procurar profissionais mais seniores. Em Ciência de Dados, por exemplo, ou mesmo em Product Management, que são áreas relativamente novas no Brasil, tem muitas empresas que já estão procurando, que já tem uma base de novos talentos e estão querendo expandir a base de talentos mais cedo. Então, isso pode causar uma percepção de que há menos vagas na área de TI, mas, na verdade, o que acontece é que há mais vagas distribuídas entre diferentes níveis de senioridade. Dito isso, tem muitas empresas que estão começando a fazer processos seletivos de base mesmo, de formação de base para profissionais, porque elas já estão entendendo que no futuro (2, 3, 4, 5 anos) vão faltar ainda mais profissionais. Então, uma estratégia que está sendo utilizada é trabalhar desde o primeiro emprego, dos programas de estágio e trainee – começar já a formar as pessoas sabendo que elas vão se tornar seniores dentro da casa, dentro da empresa nos próximos anos.
Qual o perfil do profissional que procura a Tera?
Em geral, temos dois grandes perfis. Quando se trata de pessoas mesmo, profissionais investindo na educação, são pessoas que estão fazendo algum tipo de movimentação de carreira – ou elas estão já dentro de uma trilha de carreira e querem avançar mais rápido, ou seja, “eu sou Designer e quero me tornar UX Designer ou já sou UX Designer, mas eu não tive uma formação, então eu vou estudar para eu conseguir avançar mais rápido dentro dessa carreira”, o que se aplica para todas as outras áreas. Tem muito desse perfil, mas também tem um perfil de transição de carreira muito radical. Pessoas que se formaram em determinada faculdade, como Administração ou Publicidade, e aí elas se vêem em um momento de procurar competências para fazer um salto e entrar em trilhas de carreira que são de alta ascensão profissional (que são todas as trilhas que a gente trabalha). A gente vê muito desse perfil em Ciência de Dados e UX Design.
Adicionando, acredito que tenha um terceiro perfil, que são pessoas que estão procurando adicionar skills mais transversais em suas competências. Vemos pessoas que já atuam como Gestores de Produto Digital fazendo Análise de Dados, porque a soma dessas duas competências (o que ele já conhece de produto com a capacidade de fazer melhores análises de dados, ter mais independência na coleta e trabalho de dados) faz com que a pessoa se torne um profissional melhor.
Quais os passos necessários para se fazer uma transição de carreira para a área de tecnologia?
Primeiro, identificar muito bem quais áreas dentro da tecnologia a pessoa gostaria de trabalhar, porque a área de tecnologia não é uma coisa só, ela tem várias ramificações. A grande maioria das profissões, de alguma forma, também está trabalhando com tecnologia – é o que a gente chama de profissões híbridas. Então, o profissional de marketing, hoje, é um profissional que tem uma base em tecnologia. Ele vai usar diversos softwares específicos para marketing para desenvolver o seu trabalho, vai provavelmente trabalhar com uma base de análise de dados para conseguir gerar insights e fazer interações. Vemos que, aquele profissional de marketing, que era teoricamente fora da área de tecnologia, na verdade está dentro dela. Há uma base de tecnologia para essa profissão também.
A primeira coisa, então, é entender quais são as áreas de tecnologia existentes, as famílias de profissões, e aí identificar qual você tem mais afinidade. Seja porque você já desenvolveu uma base, que permite que você acesse de forma mais rápida uma determinada área de determinada profissão ou não (por exemplo, se você já se formou em Ciências da Computação ou qualquer área relacionada a ela, evoluir para ser um Desenvolvedor de Software ou evoluir para ser um Cientista de Dados é uma transição mais simples de fazer, porque você já possui uma base de conhecimento bem relevante para fazer essa migração. A mesma coisa se você já é Designer Gráfico e quer se tornar UX/UI Designer, também já tem uma base de competências que facilita muito esse salto). Acho que é, então, entender muito bem as suas competências e entender quais áreas estão disponíveis.
A pandemia acelerou o processo de trabalho em home office quebrando uma importante barreira regional e ampliando a oferta de empregos a distância. Na sua opinião, ainda existe alguma desvantagem competitiva para o jovem da região nordeste em relação ao jovem da região sudeste no quesito empregabilidade na área de TI?
Do ponto de vista geográfico, eu posso dizer que pela nossa experiência, pelo menos, não existe mais essa barreira. Principalmente para empresas de tecnologia que estão contratando no modelo remoto. O volume da demanda é muito alto e as empresas estão contratando não só de qualquer lugar do Brasil, como de qualquer lugar do mundo.
Não existe, então, qualquer tipo de exclusão ou desvantagem competitiva na minha opinião, nesse momento. Acredito que agora é um período em que talentos de qualquer lugar do Brasil podem ter acesso a excelentes oportunidades de emprego, tanto no Brasil como fora dele.
O que diferencia a Tera das demais escolas de ensino a distância?
São algumas coisas. A primeira é que a gente faz o currículo a quatro mãos, ou a muitas mãos, com as principais referências do mercado de tecnologia hoje. Então, por exemplo, nosso currículo de Ciência de Dados foi desenvolvido junto com o Quinto Andar e Ifood, com outras empresas que estão causando grandes disrupções nos seus setores, exatamente pelo emprego de Ciência de Dados. Essas empresas colocaram dentro do curso desafios assinados com base nos dados delas. Então, o que a gente faz é praticamente uma engenharia reversa do que está sendo empregado no mercado de trabalho, quais as demandas, e a gente bota isso dentro do nosso currículo e faz uma jornada para a pessoa aprender aquilo que é mais importante no mercado de trabalho – olhando para hoje, mas olhando também para a evolução de cada uma das áreas.
A segunda coisa é que a gente tem uma plataforma digital, onde tem todos os conteúdos (áudio, vídeo, textos) de apoio para a jornada de aprendizado. Essa jornada é ainda combinada com aulas ao vivo e nelas os estudantes têm contato com experts do mercado de trabalho. Hoje, são mais de 180 experts que estão trabalhando no Brasil e no mundo, na área de tecnologia, cada um referência na sua área. Então, esse é um momento de muita troca, de interação muito próxima do estudante com esse expert.
A terceira frente é a possibilidade de fazer networking com outras pessoas que estão nesse mesmo momento estudando. Hoje, a gente tem na comunidade da Tera 8 mil profissionais. Todas as pessoas que passaram pela Tera, em qualquer momento nos últimos 5 anos, continuam conectadas em uma comunidade e essa comunidade troca muito oportunidades de trabalho, dicas profissionais, orientações de carreira e tudo mais.
A quarta é o serviço de aconselhamento profissional e orientação de carreira. Agora, cada vez mais, a gente tem como parte final dos programas um time da Tera que está oferecendo análise de currículo, análise de portfólio, preparação para entrevista, conexão com empresas. A gente vê que o nosso papel é mais do que apenas oferecer uma jornada de aprendizado, é garantir que as pessoas deem o próximo passo profissional. E como tem muitas pessoas procurando transição de carreira, até uma recolocação profissional, a gente entende que é parte do nosso trabalho também oferecer as melhores condições para que isso aconteça. Leia a revista