A TI Nordeste escutou empreendedores e formadores de opinião de Santa Catarina e do Nordeste para descobrir quais as tendências tecnológicas para 2019

O ano que passou foi marcado por grandes investimentos em startups brasileiras. Vimos o nascimento do primeiro unicórnio e encerramos 2018 com quatro empresas que receberam aportes acima de 1 bilhão. O crescimento das fintechs, do uso de inteligência artificial e realidade aumentada foram tendências no ano que passou, mas qual a previsão para 2019? Os diretores das verticais da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), o presidente do GGTIC-CE e outros especialistas compartilharam conosco o que está por vir.

Manufatura

A mudança das relações de trabalho é a grande tendência da manufatura. A interação do homem com a máquina deve ser cada vez mais comum. Para Túlio Duarte, diretor da vertical manufatura da ACATE, “tarefas que hoje oneram o ser humano por serem pesadas e repetitivas para o corpo humano levarão, inevitavelmente, à adoção de dois tipos de robôs: os autônomos e os colaborativos. Será cada vez mais comum o homem trabalhar em contato direto com estes dois tipos de robôs em uma espécie de simbiose”. O trabalhador
também muda, “o empoderamento de pessoas capazes de entender como a informação no processo produtivo ajuda na ágil tomada de decisão e é capaz de operar as novas e complexas soluções de robôs, inteligência artificial, big data, etc. para extrair destas soluções as melhores decisões, levando ao processo de manufatura os benefícios e melhorias que irão aumentar o patamar de produtividade e competitividade da indústria”, completa.

Agronegócio

Para Clóvis Rossi, diretor da vertical de agronegócio da ACATE, o Smart farming continua em alta em 2019, graças à popularização das tecnologias e a ampliação da infraestrutura de conectividade no campo. A agricultura fica mais conectada a cada ano e os dispositivos IoT ajudam o fazendeiro a monitorar a safra e otimizar recursos, enquanto tecnologias de mapeamento, rastreabilidade, Inteligência Artificial, Big Data e Analytics apresentam alternativas para um plantio sustentável. Para Bernardo de Castro,
presidente da divisão de agricultura da Hexagon, mais do que o aumento da aplicação isolada de tecnologias de ponta no campo, o que se espera em 2019 é o uso de soluções que conectam, sincronizam e otimizam todos os processos agrícolas. “Um
dos maiores desafios é a fragmentação e o engessamento dos sistemas tecnológicos.

Há muitas tecnologias que não se conversam e processos que não interagem da melhor maneira, comprometendo os resultados. Como toda indústria, o campo precisa de processos integrados e eficientes para produzir mais com menos. Na Hexagon, desenvolvemos
soluções digitais completas, que vão desde o planejamento para o cultivo até a colheita e o transporte de matéria prima”.

Proteção de Dados

Sancionada em 14 de Agosto do ano passado, pelo presidente Michel Temer, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que regulamenta a utilização, proteção e transferência de dados é o tema do momento entre os gestores de TI. Para David Galiza, presidente do GGTIC-CE, que congrega 96 gestores de TI do estado do Ceará, “os recentes vazamentos de dados de grandes corporações são um alerta para que as empresas identifiquem seus pontos de vulnerabilidade internos e externos e implementem políticas de mitigação do risco, passando desde a revisão de processos, até a adoção de tecnologias que possam ajudar no controle do fluxo de dados”. As companhias têm até 18 meses para se adequar à Lei e as multas podem ir até 2% do faturamento da empresa, podendo chegar
a um teto de R$ 50 mihões por infração. Mas o prejuízo pode ser ainda maior se considerarmos os danos que podem ser causados à imagem da organização. “Prevenir é a ordem do dia e LGPD será uma prioridade em 2019”, conclui Galiza.

Saúde 

Ferramentas e equipamentos eletrônicos que monitoram a saúde são tendência para 2019. As empresas já identificaram isso e estão se atualizando. Recentemente a Apple implantou no seu watch um eletrocardiograma capaz de detectar as atividades do coração.
Outros dados que podem ser obtidos por meio destes equipamentos, chamados também de wearables, estão relacionados a número de passos percorridos, batimentos cardíacos, calorias consumidas, informações sobre o sono e até mesmo pressão arterial. A
coleta, armazenamento e análise desse tipo de dado pode auxiliar em avaliações médicas e até servir como suporte ao diagnóstico precoce de eventuais problemas de saúde. Aqui no Brasil, a GoGood promove este monitoramento de dados com uma tecnologia
que ajuda na prevenção da saúde e de doenças crônicas como diabetes e sobrepeso.

Por meio da integração de diversos aplicativos de saúde - como Strava, RunKeeper, HealthKit, FitBit etc., a plataforma estimula os usuários a atingirem metas e resultados
com o desenvolvimento de hábitos mais saudáveis. Entre os resultados alcançados pelos usuários está a perda de até 6% de massa corporal em seis meses de uso da plataforma e 122% de crescimento da média de atividades físicas praticadas. “A
tecnologia é hoje uma grande aliada da prevenção da saúde. Seja por meio de wearables ou aplicativos online, é possível registrar dados fundamentais que buscam não somente melhorar a qualidade de vida e os hábitos de seus usuários, mas revolucionar a prática da medicina em si, atuando na prevenção e não somente no tratamento de doenças”, declara Bruno Rodrigues, CEO da GoGood.

Educação

As ferramentas digitais estão tornando a absorção do conhecimento mais flexível, lúdica, dinâmica e efetiva, e são tendência, segundo Antônio Gonzaga, diretor da Vertical Educação da Associação. Em 2019, experiências imersivas proporcionadas pela Realidade
Aumentada e Realidade Virtual continuarão em alta, assim como o Game Thinking, tecnologia que traz o lúdico e trabalha aspectos como colaboração, competição, superação e recompensa. Outras tendências fortes, segundo Luiz Alberto Ferla, CEO e fundador
do DOT digital group, são o Microlearning e o Mobile Learning, conteúdos apresentados em “pílulas” de aprendizado via celular. “Em 2019, a educação será cada vez mais portátil, personalizada e onipresente. A aprendizagem estará nas mãos dos alunos, que terão
o controle sobre o quê, quando, onde e como aprender”, afirma Luiz.

Segurança

Para Olivan Santos, Partner da Saleservice, “a segurança é sempre inversamente proporcional ao conforto para o usuário. Mas isso está mudando com o IoT e com tecnologias que estão ganhando escala como o reconhecimento facial”. É o caso do Nway Pro,
software de controle de acesso distribuído pela Saleservice no Brasil, que desenvolveu um app que permite o condômino fazer um pré-cadastro do visitante, de forma que o check in dele seja menos burocrático e mais rápido, podendo até ser self-service. “O visitante
pode receber uma senha ou um QRcode e simplesmente utilizar na entrada confirmando algumas informações na recepção ou em um toten de auto-atendimento”, explica Olivan. O Nway Pro tem integração inclusive com o Apple Watch. Mas além da tendência de conforto, para ele “as organizações estão descobrindo que controlar o acesso reduz não somente riscos de segurança, mas também custos” e cita o caso de uma implantação em um hospital na região nordeste, onde a administração observou uma redução substancial na conta de energia, água e material de limpeza, após a implantação de um sistema de controle de acesso.

“O controle do fluxo de pessoas dentro de uma empresa passará a ser uma prioridade, uma vez que começa a haver a conscientização que esse controle trará junto com o aumento da segurança e redução de custos, a redução do uso do elevador, de sanitários e até do refeitório. A segurança deixa de ser custo para ser vista como investimento”, conclui Olivan.

Acesso à Internet

Ainda na esteira das políticas de segurança da empresa, outra preocupação iminente é a racionalização dos recursos de infraestrutura de TI. Um dos grandes problemas enfrentados pelas organizações é como controlar o acesso de cada usuário durante a sua jornada de trabalho. Atualmente redes sociais, sites de viagens, e-commerces, download de filmes, games on-line e até o acesso a vídeos pornográficos concorrem para o consumo da banda larga e dos recursos de rede de computadores de uma empresa. Em alguns casos, a falta de controle pode consumir quase todos os recursos de infra e ainda colocar em risco a segurança. Para Isamar Maia, CEO da IMtech e presidente da Assespro-BA, a implementação de políticas e de dispositivos tecnológicos que copermitam controlar a utilização desses recursos é fundamental “não somente para evitar gastos desnecessários com a infraestrutura, mas também para contribuir com o aumento da segurança e da produtividade, mantendo os colaboradores focados em seu trabalho e longe de distrações desnecessárias”.

A iMtech distribui no Brasil o software Artica Proxy, uma solução de baixo custo para customização de políticas de acesso à internet. O software se integra com o Active Directory e, através de uma interface amigável, gera relatórios e gráficos estabelecendo informações de suma importância sobre o uso da internet da organização. “Em um mundo onde temos cada vez mais distrações na internet, soluções como essa da Artica são fundamentais para aumentar o nível de segurança do ambiente e manter a produtividade dos escritórios”, conclui Maia.

Varejo

O desenvolvimento de tecnologia na nuvem continua sendo uma tendência forte para o comércio. De acordo com o estudo “Como vamos na América Latina”, da Citrix, o Brasil é o país que mais utiliza a infraestrutura de cloud computing: são 57% de empresas adeptas da tecnologia. A tendência deve se intensificar em 2019 dentro do varejo. A startup Hiper, que desenvolve soluções na nuvem para gestão de vendas do micro e pequeno varejista, identificou a necessidade de criar um produto híbrido, capaz de atuar na nuvem, e também offline, pensando na copermitamnectividade de diferentes dispositivos. “Queremos nutrir o varejista com informações sobre o seu negócio. Poder acessar dados em qualquer lugar permite que ele acompanhe o funcionamento do seu estabelecimento mesmo de longe, durante o período de férias ou uma viagem, por exemplo. Isso é muito transformador para a rotina do comerciante”, comenta Tiago Vailati, CEO da startup. O Hiper Gestão, principal produto da empresa, pode monitorar desde o estoque até a frente de caixa, e é desenvolvido pensando no micro e pequeno comerciante que deseja facilidade na sua rotina. A solução ainda pode ser personalizada através de uma loja de aplicativos exclusiva, para atender ainda mais às necessidades do empreendedor.


  Leia a revista
Redação, 15.FEVEREIRO.2019 | Postado em Capa

Carregando...