A Lição da Estônia

Em 2013 tive a oportunidade de conhecer um país singular, situado na Europa Setentrional, com apenas um milhão e trezentos mil habitantes distribuídos em pouco mais de 45 mil quilômetros quadrados. Território pequeno para um país, mas que pode ser considerado grande, quando comparado a outros países europeus (maior que a Dinamarca e a Suíça por exemplo). Durante séculos a Estônia teve seu território ocupados por diversos povos, tendo assim influência dinamarquesa, sueca, russa e alemã. A República da Estônia teve sua independência da União Soviética em 1992. E desde de 2004 é membro da União Europeia e da OTAN. A capital Tallinn concentra um terço da população estoniana. Helsinque, capital da Finlândia, fica a apenas 85 Km de distância, atravessando-se o Mar Báltico. Na Estônia chove muito e faz muito frio. No verão a temperatura média é 16º C e no inverno pode chegar -40º C. Os estonianos são pouco religiosos quando comparados aos demais habitantes da União Europeia. A língua oficial é a estoniana, com forte origem finlandesa, mas muitos cidadãos adotam o russo como segunda língua, principalmente na faixa dos 30 aos 70 anos de idade, já que o russo era obrigatório na época do domínio da União Soviética. Já os jovens falam inglês fluentemente. Minha guia tinha pouco mais de 20 anos e falava inglês e espanhol fluentemente. Ela me explicou que existem muitas escolas de línguas no país e todos os jovens aprendem duas ou mais línguas. O sistema de governo é o parlamentarismo, com um primeiro-ministro indicado pelo presidente da república e nomeado pelo parlamento. Mas o que mais me impressionou na Estônia não foi o lindo centro histórico de Tallinn, nem a bonita guia que nos acompanhou. E acreditem, isso me impressionou bastante! Mas, o que realmente me impressionou foi descobrir que a Estônia tinha um presidente que foi programador de computador e que o país implantou um sistema de informatização que colocou o governo à frente de grandes potências informatizadas em termos de desburocratização. E como consequência disso, na vanguarda em termos de economia com funcionalismo público. Quando comparado proporcionalmente, a Estônia é um dos países que menos tem funcionários públicos e que menos gasta com funcionalismo. E não é porque os salários são baixos. Mas pelo nível de informatização. O governo utiliza Skype em toda a sua plataforma. Aliás, o Skype nasceu lá. Na Estônia o cidadão pode fazer literalmente tudo pela internet. De notas escolares a registro de imóveis. Votação é feita pela internet desde 2005. As reuniões interministeriais são feitas por videoconferência.

Um ponto comum com o Brasil são as declarações de imposto de renda que também são feitas pela internet. Aliás, nesse aspecto, Receita Federal e TSE já mostraram que o Brasil também pode inovar com tecnologia e reduzir seu custo de operação. O cidadão estoniano possui um ID Card (algo como nosso RG) que serve para fazer desde autenticação bancária até utilizar transporte público. Serve também como assinatura digital. Os e-mails são criptografados. Na Estônia você pode registrar seu filho pela internet desde 2010. É o país sem papel. Em 2007 após a remoção de uma estátua de um soldado de bronze, que marcava a vitória russa sobre o nazismo, a Estônia sofreu um ciberataque que chegou a tirar o governo do ar. A Rússia foi acusada e medidas de proteção foram tomadas. É o risco da informatização. Mas isso não tira o mérito da Estônia, que é hoje um exemplo para o mundo. Em 2013 uma comissão parlamentar do Brasil visitou o país para entender as políticas adotadas por aquele país. Fica a dica de um país a se visitar quando for para Europa. O telefone da guia? Minha esposa não deixou eu anotar!

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